Hemorragia demográfica
<input ... >A população em Portugal reduz-se de ano para ano e cada vez a uma velocidade maior. E, agora, desde que o ajustamento económico e financeiro lançou a economia na recessão e no crescimento galopante do desemprego, o saldo natural deu um valente mergulho no vermelho. A quebra de -7,9% de nascimentos, em 2013, face a 2012, é dos números mais aterradores que podem esperar-se nestas estatísticas demográficas. Conjugando estes valores (menos sete mil nascimentos) com os da emigração que, no ano passado, registou o saldo para a emigração permanente de 54 mil trabalhadores, mais o da emigração temporária de outros 74 mil, dá-nos o quadro de um país confrontado com um gravíssimo problema: os seus jovens, cada vez mais, afirmam por atos - e não tanto por protestos públicos - que não se acham com futuro no seu espaço. Não têm o conforto e aquele suplemento de ânimo que dá a esperança numa vida melhor e anima homens e mulheres, em idade de procriar, a criar os filhos que hão de ser os continuadores da sua própria história.
Tudo tido em conta, há menos 60 mil habitantes em Portugal e a tendência, de há três anos a esta parte, é a de um brusco afundamento da demografia em Portugal. As mudanças neste campo são sempre lentas - estamos a tratar do comportamento de milhões de pessoas. Mas só haverá verdadeira inversão do clima de mal-estar reinante quando isso se traduzir no estancar desta hemorragia demográfica, que parece não ter fim.
Editorial, In DN, 17 de junho de 2014