Clube da bancarrota: Itália sobe ao 8º lugar
Mais um dia que se antevê "negro" para os países "periféricos" da zona euro. A probabilidade de entrada em incumprimento continua em alta. Itália já "ultrapassou" a Ucrânia no "clube" dos dez de maior risco mundial e Espanha subiu para 31,56% de risco, novo máximo.
Na abertura do mercado da dívida soberana, a Itália acaba de subir para o 7º lugar no "clube" da bancarrota - o grupo de 10 países com mais alto nível de probabilidade de incumprimento das dívidas soberanas.
Instabilidade política em Itália
Segundo dados da CMA DataVision, a Itália abriu esta manhã com um risco de default (incumprimento) de 28,27% e com o custo dos credit default swaps (cds) em mais de 370 pontos base, novos máximos.
A par de uma economia em mau estado, Roma está à beira de um "terramoto político", similar ao de 1992, afirmou, ontem, em entrevista, ao Expresso Fabrizio Goria, especialista financeiro do Linkiesta. O ministro das Finanças Tremonti reune hoje de manhã no Luxemburgo com o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e em Itália correm rumores da possibilidade de um governo de emergência nacional, segundo alguns chefiado por Mario Draghi, governador do Banco central e indigitado presidente do Banco Central Europeu, segundo outros por Mario Monti, ex-comissário europeu.
Espanha com risco superior a 31%
A situação é, também, muito grave em Espanha, que conserva o 7º lugar do "clube" da bancarrota. O primeiro-ministro Rodríguez Zapatero adiou as férias com um custo dos cds acima de 400 pontos base. O risco de incumprimento é hoje, na abertura deste mercado, de 31,56%, acima do máximo ontem atingido durante a manhã. O prémio de risco está em mais de 430 pontos base.
Para o professor catalão Santiago Niño-Becerra, que prognosticou a chegada a Madrid dos "homens de negro" da troika ainda este ano em entrevista ao Expresso em fevereiro, "setembro e outubro vão ser meses horrorosos", que exigiriam um "governo de concertação nacional". Zapatero convocou eleições legislativas antecipadas para 20 de novembro.
Resto dos "periféricos" com risco em alta
Mas o movimento de subida do risco não se confina aos dois casos mais em foco. Grécia, Portugal, Irlanda e Bélgica continuam em tendência de alta da probabilidade de bancarrota, ainda que em patamares distintos.
O risco de default da dívida portuguesa já subiu 1 ponto percentual na abertura do mercado - aumentou de 56,30% ontem no fecho para 57,56% hoje.
A Bélgica viu o seu risco agravar-se para quase 19%. A acompanhar este movimento, ainda que num patamar muito mais baixo, a França, cujo risco de default subiu para 11,6%. No dia da cimeira europeia extraordinária de 21 de julho estava em 8,5%.
O "clube" da bancarrota conta, agora, com cinco membros oriundos da zona euro: Grécia, que lidera, Portugal em 2º lugar, Irlanda em 3º, Espanha em 7º, e Itália em 8º.
"Beijo de despedida"
Segundo Anthony Peters, do Swissinvest, declarou ao The Telegraph londrino, os gestores de fundos estariam a eliminar os "periféricos" da zona euro. "Deram-lhes o beijo de despedida", disse. O mesmo sentido é expresso por Hans Redeker, da Morgan Stanley: "Estamos a assistir a uma revolta dos investidores estrangeiros nesse mercados de títulos".
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