A hipocrisia do mestre da dialética marxista e as lições a tirar da greve às avaliações e aos exames
O mestre da dialética marxista finge-se preocupado com as consequências nefastas para os alunos das greves por ele convocadas. É incendiário e bombeiro. Em simultâneo. Aplica, na perfeição, a estratégia leninista: "faz o mal, acusa os teus inimigos e, de seguida, vem em socorro das vítimas do mal que lhes fizeste!"
Mário Nogueira, da Fenprof, diz que o MEC está "a jogar um jogo perigoso". "Se quisessem parar a greve marcavam uma reunião urgente, mas só nos convocaram para a próxima semana. Estão a brincar com o fogo, sabendo dos riscos de criar um problema muito sério, até com a questão do acesso ao superior", afirmou o dirigente, acrescentando: "O MEC assim está quase a obrigar-nos a marcar greve para a próxima semana." Fonte: CM
O pior de tudo é que o estratega leninista, o homem a quem o Governo paga há 22 anos para combater o MEC, o mestre da dialética marxista que mais poder tem sobre o sistema escolar estatal, consegue levar atrás, intoxicando-os, milhares de docentes. Pessoas razoáveis, inteligentes e dedicadas à profissão.
A História mostra que, nos momentos conturbados, os radicais tomam a vanguarda dos processos, fazem-no pela intoxicação, apelando ao que de mais irracional existe nas mentes das pessoas razoáveis, estimulando o medo, forçando-as a fazer aquilo que, em condições normais, não estariam dispostas a fazer. O arrependimento pelo facto de terem servido uma estratégia oculta - que consiste em reduzir o país a cinzas - costuma vir tarde de mais.
Tenho idade suficiente para me recordar do que os extremistas fizeram às escolas, em Portugal, durante o PREC. O grau de destruição foi indescritível. Estamos, de novo, perto do limiar da loucura coletiva. Assistimos à escrita de uma das piores páginas da história docente. Dezenas de milhares de pessoas razoáveis estão a impedir dezenas de milhares de alunos de exercerem o direito mais básico: realizar os exames finais.
É perverso: os mestres que, por definição, têm a missão de proteger e cuidar dos alunos, voltam as costas à sua mais importante missão e espezinham o direito mais básico de qualquer aluno: fazer os exames para concluir um ciclo de estudos e avançar para o próximo. É paradoxal: a escola estatal a anular-se a si própria.
Esta página negra que está a ser escrita diante de nós por milhares de colegas que nos habituámos a respeitar pela dedicação e empenhamento permanecerá, durante muito tempo, como uma mancha a emporcalhar as escolas estatais. O nível de destruição que esta mancha causa no prestígio e autoridade dos professores é avassaladora. Nunca mais os alunos e os pais verão os professores das escolas estatais com o respeito que eles merecem.
O país vai ter de fazer uma avaliação dos estragos que esta mancha causa na profissão docente e nas escolas. O MEC terá de rever os normativos técnico-burocráticos, criados ao longo de décadas pela pressão da Fenprof com o objetivo de tornar as escolas ingovernáveis e mais facilmente capturadas pelos sindicatos. Os processos de avaliação têm de ser simplificados para que os alunos não fiquem reféns dos sindicatos. O mérito dos professores mais dedicados, mais profissionais e com melhor desempenho tem de ser reconhecido e refletir-se em mais salário. Os diretores têm de ser responsabilizados pelos resultados das escolas. Aos pais tem de ser dada a liberdade de escolha das escolas.