Na base desta suspensão está a decisão do jornalista de publicar uma carta aberta assinada por Celestino Neves, membro da Assembleia Municipal de Valongo. Nessa missiva, Celestino Neves critica veementemente o desempenho de José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara Municipal que, nas últimas eleições autárquicas, foi apoiado pelo deputado que agora o critica. Suspensão visa o despedimento
Segundo o VERDADEIRO OLHAR conseguiu apurar, Luís Chambel foi notificado, no passado dia 11 deste mês, com uma nota de culpa provisória que o suspende das funções de jornalista que vinha desempenhando na "Voz de Ermesinde" e visa o seu despedimento. Nesse dia, Luís Chambel foi obrigado a abandonar as instalações do jornal por, segundo a mesma nota de culpa provisória, ter desrespeitado uma ordem superior e de não ter efectuado o contraditório de uma carta aberta que decidiu publicar. Contactado pelo VERDADEIRO OLHAR, Luís Chambel, de 60 anos e a trabalhar na "Voz de Ermesinde" há cerca de 15, confirmou que está suspenso de funções, mas não quis prestar declarações. Várias acusações a José Manuel Ribeiro A carta aberta em causa foi assinada por Celestino Neves, um independente eleito para a Assembleia Municipal nas listas do PS. Celestino Neves foi, durante a campanha autárquica, um dos principais apoiantes de José Manuel Ribeiro, mas na missiva agora publicada tece duras críticas ao actual presidente da Câmara Municipal de Valongo. O deputado municipal mostra um "profundo descontentamento" com a governação de José Manuel Ribeiro, que acusa de não cumprir as promessas eleitorais. "Lamentavelmente, entre as nossas promessas e a nossa prática – o que era possível fazer e o que nós tornamos possível e fizemos de facto – há um fosso imenso que nos questiona", lê-se na carta. Ainda segundo Celestino Neves, o autarca socialista tem andado muito afastado da gestão da Câmara Municipal. "Dividido entre o Conselho de Administração da Lipor, o Conselho Metropolitano do Porto e outros cargos de representação por inerência, entre a comissão política do seu Partido e todas as outras acções da campanha fora de tempo em que o PS se envolveu e os tais percursos 'com os violinos atrás', você não tem tido tempo para nós", defende. Na carta publicada na "Voz de Ermesinde", o membro da Assembleia Municipal pede ao edil que explique as razões "que o têm levado a manter nos respectivos lugares de chefia, ainda que com carácter transitório, muitos dos directamente envolvidos na gestão danosa da nossa Câmara" e da "ausência da tão falada auditoria interna". "Os valonguenses precisam de saber porque é que mantém todos os apoios financeiros a Instituições várias do nosso Concelho com um histórico de más práticas e de falta de transparência", escreve. Ao VERDADEIRO OLHAR, os órgãos sociais do Centro Social de Ermesinde, do qual o próprio José Manuel Ribeiro faz parte como vice-presidente da Mesa da Assembleia-Geral, não confirmam, nem desmentem esta situação. O presidente da direcção, Henrique Rodrigues, refere que se o processo de suspensão for verdadeiro "encontrar-se-ia sob reserva de instrução", pelo que nenhuma informação poderia ou deveria ser dada. "Até pela razão acrescida de o facto de uma entidade empregadora se pronunciar sob factos em eventual investigação para efeitos disciplinares poder configurar objectivamente um enfraquecimento do exercício do direito de contraditório e de defesa por parte do trabalhador", afirma. Por outro lado, alega ainda Henrique Rodrigues, se as informações recolhidas pelo VERDADEIRO OLHAR "não forem verdadeiras, igualmente se não justifica que esta instituição vá especular em público sobre um cenário virtual". |