As propostas retroactivas de Zorrinho
O incrível aconteceu, pela voz de Carlos Zorrinho, na Conferência Anual dos Economistas, realizada pela Ordem no dia 13 de Novembro.
Carlos Zorrinho era um dos comentadores do módulo Orçamento para 2013, apresentado pelo Secretário de Estado do Orçamento. Numa intervenção de cariz exclusivamente político, Zorrinho contestou liminarmente o orçamento, que não tinha cura possível. Contudo, e ao de leve, referiu que o PS iria oportunamente apresentar umas quantas propostas de alteração, mas fê-lo com ar tão distante e com tanto desfastio que mostrou que nem ele as valoriza alguma coisa. Porque as verdadeiras propostas a fazer, essas sim, teriam que ser retroactivas: não aumento do IVA e de outros impostos em 2012, e não corte do 14º mês, também em 2012.
Claro que o Memorando assinado com a Troyca e o défice não fazem parte da Agenda de Zorrinho. Mas isso há muito se sabia.
Pensei ter ouvido mal, mas confirmei que foi mesmo isso que Zorrinho disse. Pena foi não ter havido tempo para esclarecimentos da plateia.
Isto é, Zorrinho propôs aquilo que já não pode ser feito, mas não propõe para 2013 aquilo que ainda podia ser feito. Isso, sim, seria uma alternativa. Não se cumpria o défice, mas era uma alternativa. Má, mas fazia prova de vida.
O que significa que o PS não tem qualquer alternativa. Ou, melhor, tem, tem alternativas retroactivas. Mas nem uma alternativa de futuro.